objetivos gerais 

A Liga Acadêmica de Anatomia e Fisiologia Aplicadas à Odontologia (LAFAAO),
composta por estudantes de graduação associados à graduação de Odontologia da Universidade Federal Fluminense tem como objetivo a promoção, debate e divulgação dos conhecimentos da área de Anatomia e Fisiologia Humana para a comunidade acadêmica (dentro e fora da IES) e para a sociedade.

Alcançaremos essas metas através da promoção e realização de eventos científicos/educacionais organizados por sua diretoria, tais como simpósios, palestras, cursos e outros eventos de caráter científico/educacional. Na presente liga, os alunos estarão envolvidos na disseminação do conhecimento que podem promover não só o seu crescimento profissional como também oferecer maior orientação à sociedade quanto aos cuidados básicos da saúde bucal.

objetivos específicos

 

As 4 vertentes que serão abordadas na Liga serão: (1) diabetes e cavidade bucal; (2)
doenças orovalvares e cavidade bucal; (3) anatomia voltada para a anestesia local ;e (4) Emergências médicas na clínica odontológica.; (5) revisões em fisiologia; (6) infecções de origem buco-maxilo-facial e abordagem farmacológica

 

DIABETES E CAVIDADE BUCAL

O diabetes mellitus (DM) e suas complicações são alguns dos problemas de saúde
crônicos mais significativos e crescentes no mundo, afetando cerca de 425 milhões de
pessoas – aproximadamente 90% desses indivíduos apresentam diabetes mellitus tipo 2
(DM2). No Brasil, cerca de 12,5 milhões de adultos são afetados, representando 9% da
população. Indivíduos com essa doença podem desenvolver resposta ao acúmulo de
biofilme bacteriano (placa bacteriana) junto aos tecidos gengivais de forma precoce e
hiperinflamatória, quando comparados aqueles sem diabetes. Trata-se de uma condição
de tratamento relativamente simples, centrado na remoção de placa bacteriana (fator
etiológico primário), cálculo dentário e instrução e motivação aos corretos cuidados de
higienização bucal diária. Devido a destruição do aparato de suporte dos dentes, a
periodontite severa pode culminar em perda dentária.dentaria. Estudos indicam que, em
adultos, a periodontite é ae a principal razão para essa perda. Foi demonstrado, em
diferentes populações, que a perda dentáriadentaria total ou parcial está associada ao
pobre controle glicêmico do DM. Entre adultos dentados, aqueles com DM têmtem
maior número de perdas dentárias.dentarias. Sugere-se que o tratamento periodontal seja benéfico para o controle glicêmico do DM2. A magnitude das reduções de hemoglobina
glicada (HbA1c) de curto prazo obtidas após as intervenções periodontais é semelhante
àquela comumente alcançada pela adição de uma segunda medicação a um regime
farmacológico. Se tais reduções após a terapia periodontal puderem ser mantidas em
longo prazo, isso pode contribuir para a redução da morbidade e mortalidade associadas
à doença.

DOENÇAS OROVALVARES E SAÚDE BUCAL

A endocardite infecciosa (EI) é uma complicaçãoé complicação grave das valvopatias,
sendo frequentemente fatal. Desta forma, havendo a possibilidade de fazer profilaxia
para tal entidade, a mesma deveria ser aplicada. Os estreptococos fazem parte da flora
normal da orofaringe e trato gastrointestinal e causam pelo menos 50% das EI
adquiridas na comunidade em nosso meio. Demonstrou-se bacteremia pelos
estreptococos do grupo viridans em até 61% dos pacientes, após extração dentária e
cirurgia periodontal (36% a 88%). Trabalhos epidemiológicos recentes não mostram
relação entre tratamento dentário duas semanas antes e episódios de EI. Atividades
rotineiras, como escovação de dentes (0 a 50%), uso de fio dental (20% a 68%), uso de
palito de dentes e mesmo mastigação de refeição (7% a 51%), encontram-se também
associadas à bacteremia. Por este motivo, mais importante que a profilaxia antes de
procedimentos dentários é a manutenção de ótima saúde bucal em valvopatas. Aqueles
com boa saúde bucal têmtem menor possibilidade de bacteremia em atividades
cotidianas. Assim, faz parte da profilaxia não farmacológica da EI reforçar em todas as
consultas a necessidade de se manter uma ótima saúde bucal e aumentar a frequência
das consultas odontológicas, de duas (recomendação para a população em geral) para
quatro vezes ao ano. Devemos ressaltar que muitas das afecções odontológicas que mais
causam EI são oligossintomáticas, como a gengivite e lesões periapicais endodônticas.
Para tratamento dentário, o antibiótico deve ser ministrado, uma hora antes do
procedimento. O regime usado deve impedir a bacteremia por estreptococos viridans
sempre que for manipulado tecido da gengiva ou da região periapical do dente. Desta
forma, é importante que todos os pacientes portadores de valvopatias sejam plenamente
orientados no que tange à sua saúde bucal e ao tratamento dentário com cobertura
antibiótica.

ANATOMIA VOLTADA PARA ANESTESIA LOCAL

A inervação dentária é provida pelo nervo trigêmeo. O nervo trigêmeo emite três ramos:
oftálmico, maxilar e mandibular. Na maxila os ramos alveolares anterior, médio e
posterior e os nervos nasopalatino e palatino maior são responsáveis pela sensibilidade
dos dentes superiores e estruturas anexas. Os nervos alveolares inferiores, lingual e
bucal são ramos do nervo mandibular. O nervo alveolar inferior se distribui pelas raízes
dos dentes inferiores. Dentre esses os ramos maxilar e mandibular são de suma
relevância para o profissional cirurgião dentista. Conhecer a anatomia topográfica e
regional das estruturas envolvidas torna a técnica anestésica mais precisa.

EMERGÊNCIAS

As emergências médicas configuram uma situação ou condição em que há risco de
morte, portanto, não deve haver protelação ao atendimento. Sendo a emergência um
evento imprevisível, o profissional não pode ocorrer em omissão de socorro. Segundo a
Lei 5081/66:
“Art. 6º – Compete ao cirurgião-dentista:
VIII – prescrever e aplicar medicação de urgência no caso de acidentes graves que
comprometam a vida e a saúde do paciente”.
Tanto os acadêmicos em Odontologia quanto os profissionais precisam estar cientes
que, para atuarem na profissão devem assumir responsabilidades que vão muito além de
um tratamento odontológico. O cirurgião-dentista (CD) deve tomar consciência de que,
ao restringir sua atuação apenas para a cavidade oral, sem considerar o estado geral de
saúde do seu paciente, poderá estar aumentando, significativamente, as chances de
ocorrência de um evento emergencial. Para tanto, obter o diagnóstico precoce das
alterações sistêmicas que atingem o paciente é de grande importância para minimizar os
riscos de ocorrência de uma urgências-emergências médicas durante o atendimento
odontológico. No estudo de Haese RDP e Cançado RP, foi observado que a maioria dos
profissionais inclui, na sua avaliação clínica, a queixa principal e a anamnese (93,7% e
90,5%, respectivamente), porém uma menor porcentagem (28,4%) realiza a avaliação
dos sinais vitais. Entre aqueles que avaliam os sinais vitais, a maioria (53,7%) afirma
que afere a pressão arterial de seus pacientes previamente aos procedimentos
odontológicos, com maior frequência antes de procedimentos cirúrgicos (33,3%). Na

variável revisão dos sistemas podemos afirmar que, quando possuem especialização, os
CDs fazem, com mais frequência, esse tipo de avaliação clínica (p= 0,007). Desta
forma, torna-se necessário a implementação de eventos e práticas que orientem aos
futuros profissionais a prática da anamnese e sinais vitais e incentivem aos mesmo a
realização do curso de Suporte Básico à Vida (SBV).

REVISÃO EM FISIOLOGIA HUMANA

O conhecimento da Fisiologia Humana é essencial para o cirurgião-dentista uma vez
que possibilita a compreensão do funcionamento fisiológico das diversas áreas do corpo
humano, auxiliando no entendimento das suas principais relações com o sistema
estomatognático – uma região anatomofuncional que engloba estruturas da cabeça, face
e pescoço –, área de atuação do cirurgião-dentista. Além disso, é importante para o
cirurgião-dentista deter tal conhecimento para ser capaz de compreender os variados
quadros clínicos e tratar de forma adequada os pacientes sistemicamente
comprometidos. Outro aspecto relevante que deve ser citado é a importância da
fisiologia para a interpretação dos exames laboratoriais como hemogramas, colesterol,
uréia e creatinina, exames de urina e de fezes, glicemia, eletrocardiograma, entre outros.
Isso porque, de acordo Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) na Súmula
Normativa número 11, de 20 de agosto 2010, o cirurgião-dentista pode “solicitar
exames complementares, como radiografias, ressonância magnética, solicitação de risco
cirúrgico e exames de laboratório em geral, e internação dentro de sua área de
atuação”.

INFECÇÕES DE ORIGEM BUCO-MAXILO-FACIAIS E SUAS ABORDAGENS FARMACOLÓGICAS

No complexo buco-maxilo-facial, as infecções podem ser classificadas em não-
odontogênicas, que são causadas por infecções de mucosa oral, de glândulas
salivares, dentre outras, e as de origem odontogênica que podem ser causadas por
vias periodontais, pulpares ou pericoronárias. Infecções odontogênicas podem
gerar abcessos, osteomielites e celulites que são capazes de se disseminar para
espaços diferentes daquele de sua origem, através de proximidade, de fístulas, da
corrente sanguínea e de vasos linfáticos. Locais próximos como seios paranasais

(principalmente os maxilares) são bem suscetíveis a tal disseminação, visto a
grande relação com os ápices dos molares e pré-molares superiores com o assoalho
do seio. Órgãos à distância podem ser acometidos através da circulação por
bacteremia ou trombos infectados, como na endocardite bacteriana e
tromboflebite do seio cavernoso. Já o acometimento dos espaços fasciais,
principalmente do espaço mastigador, consegue levar as infecções a outros espaços
fasciais mais profundos, ocasionando fasciítes, mediastinites e até meningites.
Todas estas patologias são fatais e o diagnóstico precoce das infecções do complexo
buco-maxilo-facial são de extrema importância para o cirurgião-dentista não
permitir chegar em tal estágio. A profilaxia antibiótica, assepsia pré e pós-
operatória, isolamento do campo operatório, evitar anestesia local em área
infectada são medidas usadas para impedir a infecção dos dentes e estruturas
adjacentes. O conhecimento da fisiopatologia das infecções, a anatomia das
estruturas envolvidas em tal processo e a farmacologia dos antibióticos é
imperativo para a resolução dos quadros infecciosos.

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